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CIDADES
Quinta-feira, 31 de Julho de 2008, 20h:38

PANTANAL

Laudo confirma ataque de onça-pintada

CLARICE NAVARRO DIÓRIO
Da Sucursal de Cáceres
O laudo de necropsia do corpo do pescador Luiz Alex da Silva Lara, atacado e morto por uma onça em Cáceres, foi concluído pelo médico legista Manoel Francisco de Campos Neto e entregue ontem à Polícia Civil do município, para ser anexado ao inquérito. A perícia concluiu que o pescador foi morto por um predador carnívoro de grande porte, da espécie onça-pintada, que atacou o pescador da mesma forma que abate suas presas, mordendo a nuca e a base do crânio, causando fratura-luxação na coluna cervical. Além de uma testemunha ocular, no caso o pai do pescador, que viu a onça arrastando o corpo do filho para dentro da mata, reforça o laudo a análise feita no local do fato pelo biólogo Rogério Cunha de Paula, do Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais (Cenap). Ele esteve no local, constatou as pegadas da onça e estudou as lesões na vítima, que caracterizam a ação da "Panthera onca", a onça-pintada. O laudo tem 113 páginas e demorou um mês para ser concluído, devido à complexidade das lesões. Um laudo comum elaborado por legistas costuma ter oito páginas. O laudo aponta que o pescador foi atacado por apenas uma onça, e não por duas, como chegou a ser veiculado. Comprova também que a vítima não esboçou reação na hora do ataque. Depois, teria tentado uma reação, e a onça usou a pata traseira para imobilizá-lo. E que a força empregada no instante do ataque foi tanta que acarretou a amputação das duas orelhas da vítima, junto com quase a totalidade do couro cabeludo. O mapa topográfico no laudo aponta os locais onde foram constatadas lesões com características diversas. O ataque causou traumatismos letais em várias partes do corpo. Em uma das coxas foram identificadas 45 lesões, onde a onça teria usado uma das garras. O pescador Luiz Alex foi morto no dia 24 de junho passado, às margens do rio Paraguai. Ele estava acampado com o pai, o pescador de iscas Alonso da Silva Lara. No momento do ataque, o pai estava pescando, e a vítima, dormindo na barraca, de onde foi arrancado pelo animal. O biólogo do Cenap, em seu relatório, sugere que as causas do ataque podem ser o alto grau de habituação dos animais com o homem e a alta vulnerabilidade dos pescadores quando acampados. O homem estava no habitat da onça. O biólogo sugere mudanças no comportamento dos pescadores, entre elas o distanciamento dos locais onde vivem as onças, além de recomendar um estudo do comportamento desses animais, para verificar se há necessidade de sua remoção para outro local.

Edição EDIÇÃO 16680




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